09 março, 2016

Palavras



Nunca me tinha apercebido disto... Sim, há desafios e alturas complicadas na nossa vida. Mas não tanto quanto agora.
Nunca tinha sentido que estava paralisada com o medo. E hoje ao ler esta partilha no instagram (da Cosmopolitan!) caiu-me a ficha. Às tantas já partilhei aqui milhentas frases parecidas com esta.. mas nunca isto me fez tanto sentido... nunca foi tão real.

Nunca refleti tanto sobre o valor e sentido das palavras e dos acontecimentos como nesta altura da minha vida.
No meu relacionamento, nas minhas amizades, com a família, no trabalho... As palavras que usamos não são (nem podem ser) como o vento. As palavras efetivamente representam algo: objetos, ações, lugares, sentimentos... e nunca senti com tanta intensidade como agora o valor das palavras.
E talvez porque escrevo o que penso (e sinto), estas mesmas palavras ganham outra vida.

Reconheço hoje que a minha descrença, e as perspetivas de insucesso estão presas num mundo meio obscuro que se chama Medo. Nunca explorei muito este tipo de medo. É que o medo, como o Amor, não é todo igual... Se calhar tive a sorte de, até agora, não ter que o sentir assim... mas cá veio bater-me à porta.
O medo que paralisa. Estou na fase do paralisado. Sem ainda conseguir descortinar bem as facetas deste medo, pelo menos de forma clara e consciente.
Parece que nem quero tentar... e racionalmente só o posso atribuir ao medo... já que o meu desejo é tão forte!
Sinto-me bloqueada.
Nunca a palavra medo foi tão real, mas ao mesmo tempo tão diferente do que eu achava que era... cada vez mais me apercebo de que o medo pode ser paralisante sem o estarmos a sentir como assustador. (desculpem lá se isto não vos faz sentido mas na minha cabeça é transparente como água...)

Não levou muito tempo a perceber... mas vamos ver quanto tempo vai levar para resolver...

(voltámos à escrita terapêutica...)



Ponto de Situação - Consulta médica no dia 7 de março com o Dr. C. Referiu que muito provavelmente o aborto esteve relacionado com a sobrecarga hormonal, voltando a frisar que o nosso caso tem muito boas perspetivas e "prognóstico". No ecografia estava tudo em ordem.
Vou iniciar uma pílula na próxima menstruação. Quando vier a menstruação no fim dessa pílula inicio o Estrofem e faço uma ecografia. Estando o endométrio em ordem, faço a transferência cerca de 10 dias depois de iniciar o Estrofem. 
Traduzindo em datas isto vai dar lá para o fim do mês de Abril (entre o 25 e o 29 se a menstruação não me trocar as voltas e se as contas não me falharam!).
Veremos se a cabeça se põe em ordem até lá.

4 comentários:

  1. será que esse medo não se deve ao medo de que tudo se repita. Eu ainda hoje tenho medo mas um medo que me deixa avançar mas também já "paralisei" com o medo e isso demorou mais de um ano para seguir em frente. É difícil quando conseguimos finalmente um positivo chega -se à ecografia para ouvir o coração e lá está ele é passado uns dias arrancaram-me o chão e cai bem fundo.
    Por isso acho que te entendo um pouco.
    Mas bola para a frente e é engraçado estou numa situação parecida, estou a fazer uma pílula (30 dias) depois quando chegar o período início estrofem, transferência e pelas minhas contas depois de dia 25 de Abril estarei já com um novo resultado, isto se tudo for correndo normalmente.
    Muita força para ti esse teu medo é normal só não o deixes ele tomar conta de ti mas sim tu dele :-)

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    1. Obrigada Ana. Nem imagino como tenha sido essa situação contigo... Muito muito duro!!...
      Espero conseguir ultrapassar isto é desbloquear este medo...

      Achei muito curioso o teu dia 25 de abril! Nas minhas contas no dia 25 de abril será o dia da minha transferência! Mas lá está, tudo vai depender da menstruação e da resposta do endometrio e tudo isso ;)

      Obrigada por me fazeres pensar e escrever... É bom saber que há alguém do outro lado.
      Um beijinho*

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  2. Hoje suspiro de alívio ao ler estas palavras. Confesso que ontem não sabia muito bem o que dizer e andava a "cozinhar" no meio das minhas ideias como refletir e depois passar para o teclado a minha conclusão acerca do que escreveste.

    Sabes o que é estranho no meio disto tudo? Angustiamos com a espera e o fracasso quando, por via normal, não somos bem sucedidas no nosso intento. Quando estamos frente a frente com as receitas, agulhas, agendamentos e inícios de resultados vem esse medo que falas e que põe em causa o nosso discernimento.

    Esse medo leva-nos ao desespero e faz-nos questionar tudo. As dificuldades durante o processo são tantas, que achamos não ter capacidade de gerar e desenvolver uma vida. Não me perguntes porquê, mas já me passou muitas vezes pela cabeça que, por alguma razão, nunca o vou conseguir, que não deverei ser merecedora de tal proeza.

    Dê por onde der, vou agarrar-me ao número que é da minha predileção desde sempre e é igual ao número de lutadores que dão esperança a todas as contrariedades que tenho vivido.

    Acho que a pausa para o corpo se restabelecer é o melhor tempo destes 4 anos e tal. Não quero apressar um único minuto para não comprometer a qualidade do tratamento.

    O medo bloqueia a cabeça, mas a determinação tem de ser mais forte.

    Beijinhos com muita esperança!

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    1. Querida PL! Muito obrigada pelas tuas palavras... Concordo a 100% com o que dizes... O facto de tudo isto ser artificial tira-nos a capacidade de acreditar em algumas coisas...
      E eu vou ter que reprogramar o meu cérebro nestas próximas semanas. Porque agora com o passar dos dias, e conversando com o meu marido e com amigos, o medo começa a querer dissipar-se e o meu desejo de sucesso a querer crescer.
      Estou a tentar!!
      Muito obrigada pelas tuas palavras. São muito importantes.
      Um grande beijinho

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